E o futebol feminino? Como as escolas de esporte podem se posicionar?

A paixão pelo futebol não está limitada aos homens, nós mulheres também amamos esse esporte e estamos na busca pelo nosso espaço dentro dessas quatro linhas. 

"A história do futebol feminino é longa e repleta de muitos desafios e preconceitos. "

No Brasil, no ano de 1941, o então presidente da República Getúlio Vargas baixou um decreto-lei que proibia a realização da prática do futebol feminino ou de qualquer outra modalidade que fosse considerada incompatível com a natureza da mulher. Esse decreto foi revogado em 1979, mas foi só no ano de 1983 que houve a regulamentação sobre o futebol feminino e a instituição de regras como a proibição de cobrança de ingressos e duração do jogo de 70 minutos, continuavam sendo arbitrárias e prejudiciais ao desenvolvimento do futebol feminino. 

"Esse banimento das mulheres, de quase quarenta anos, criou uma defasagem no nosso futebol feminino." 

Felizmente graças ao trabalho incessante das atletas, esse cenário vem mudando. A última Copa do Mundo Feminina de 2019, trouxe uma visibilidade maior do futebol praticado por mulheres, atraindo patrocínio de marcas importantes e mostrando que o futebol feminino pode ser tão lucrativo quanto o masculino. As atletas, de todos os países, que jogaram a Copa vem batalhando muito para que a desigualdade acabe ou pelo menos diminua. 

A procura pela prática do futebol entre as meninas está, geralmente, na faixa etária entre os 11 e os 17 anos. Assim, algumas escolas de esportes vem investindo e apostando no futebol feminino, com turmas e horários específicos, além de professoras capacitadas para realizar os treinos. As categorias menores de dez anos praticamente não existem e as poucas alunas que se matriculam nas escolas de futebol acabam tendo que treinar em turmas mistas, o que as desestimula de procurarem os treinos, muitas relatam sentirem-se envergonhadas de gostar de algo que ainda é visto como um esporte masculino, além de serem pouco incentivadas pela família.

"Com essa falta de estímulo, muitos organizadores de campeonatos acabam não oferecendo essas modalidades e, por falta de equipes femininas, cancelam a participação das poucas meninas que estão dispostas a participar. "

A Treinadora da equipe feminina da Fair Play, Jéssica Cardoso, nos relata, ainda: "As meninas que participam dos treinos são mais concentradas e prestam mais atenção, por realmente amar o esporte", algo que ela acredita ser um dos fatores de desistência e o motivo que alguns pais aceitam pagar a mensalidade dos filhos mas não das filhas.

Algo importante a ser trabalhado é a questão hormonal e por consequência a emocional. Segundo o coordenador do projeto feminino da Escola Orlando City Soccer School e também do Projeto Garota Futuro, Caio Farinha: “Se uma menina se encontra em período menstrual o rendimento dela será diferente com relação aos demais dias do mês e, mesmo sabendo disso, elas se martirizam em querer ter alto rendimento todos os dias, isso é fruto do alto comprometimento daquelas que já fazem futebol e acreditam no futebol e tem como sonho o futebol”.

"Cabe aos(às) professores(as) entender essas questões e ajudar as meninas a passar por esses dias com mais tranquilidade."

E com isso, meninas que sonham em chegar em algum clube grande vão estar com uma boa estrutura psicológica e física para encarar os testes e peneiras, evitando desgastes emocionais e graves lesões. Como nos relata a treinadora da escola ProSport, Sheila Bueno, onde uma colega foi fazer um teste para um grande clube, acabou sofrendo uma lesão e o clube não deu nenhuma assistência.  Ainda segundo a treinadora Sheila Bueno: nos dias de hoje o futebol tem um pouco a mais a oferecer para as meninas bem menos do que merecemos.

"Ainda temos muito o que fazer para que a desigualdade entre homens e mulheres no futebol acabe, mas estamos cada dia mais próximas que conquistar nossa medalha de ouro."
 


 Lia rodrigues dos Santos                                                        
 Técnologa em Recursos Humanos e
 Estudande de Pedagogia
 




 

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